segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ministério de Coordenação e o Dom da unidade

“Grupo de Oração é uma comunidade carismática presente numa diocese, paróquia, capela, colégio, universidade, presídio, empresa, fazenda, condomínio, residência etc., que cultiva a oração, a partilha e todos os outros aspectos da vivência do Evangelho, a partir da experiência do batismo no Espírito Santo (...) e se insere no conjunto da pastoral diocesana ou paroquial, em espírito de comunhão, participação, obediência e serviço.”
A Renovação Carismática é uma “corrente de graça que permite às pessoas e grupos expressarem a si mesmas, a partir dela, em diferentes modos e formas de organização”. A RCC é organizada e reconhecida pela Sé Apostólica como um Movimento Eclesial. Sabemos, no entanto, que a Igreja se concretiza na Igreja Particular, a Igreja Diocesana, o que permite à RCC como Movimento Eclesial se organizar e viver a sua “diocesaneidade” através de uma inserção na “pastoral de conjunto diocesana”. Mas isto não significa que, por ser diocesano, o Movimento passe a ser manipulado e orientado para outros objetivos que não os que caracterizam seu carisma.
Esta comunhão com a Igreja local se dá através de uma coordenação diocesana que, além de representar e responder diante do Bispo pelo Movimento, também encaminha as propostas da pastoral de conjunto diocesana pertinentes ao Movimento.
Se por um lado a coordenação diocesana da RCC reflete esta “diocesaneidade” através deste espírito de comunhão, participação, obediência e serviço à Igreja local, os Grupos de Oração, por outro lado, como “célula fundamental” da RCC, necessitam de uma profunda comunhão com a estrutura diocesana do Movimento.
Com frequência ouvimos falar da existência de alguns grupos “rebeldes”, “independentes”, “piratas”, que não se dispõem a viver a unidade diocesana e assumem posturas arbitrárias, fomentando assim a divisão, as disputas, fragmentando o Corpo de Cristo. Há casos graves de lideranças que, não acolhendo as direções diocesanas, rompem relacionamentos e privam os membros de seus Grupos de participarem dos momentos diocesanos como Cenáculos, Congressos, Formações, Seminários.
Por outro lado, sabemos que uma coordenação diocesana deve ser sempre um sinal de unidade, mantendo-se aberta aos Grupos de Oração, favorecendo o crescimento espiritual dos diversos grupos, ampliando os espaços de comunhão e partilha, permitindo e fomentando um diálogo fraterno na caridade.
1. ESPAÇOS DE UNIDADE
Os momentos de oração, reuniões e assembléias diocesanas, onde participam os coordenadores de Grupo de Oração como representantes legítimos de uma parcela do povo de Deus, junto às coordenações diocesanas, não podem ser vistos como compromissos burocráticos e estruturais, mas como instrumentos de unidade.
•    Estes são momentos privilegiados de manifestações carismáticas, de escuta, de partilha, de encaminhamento das moções e palavras proféticas dada ao Movimento.
•    São espaços de comunhão e renovação espiritual para os que participam. Estes espaços diocesanos são próprios para manter a unidade com as moções estaduais e nacionais da RCC, trazidas pelo coordenador diocesano que, naturalmente, é membro do Conselho Estadual.
O Grupo de Oração que possui um coordenador comprometido com a unidade diocesana será sempre de uma fonte segura e jamais virá a ter sede. Este Grupo será um solo fértil e tudo que semear poderá colher em abundância. Ao contrário, o coordenador que se afasta desta unidade, privará os membros de seu Grupo desta unidade do corpo e, mais que isso, amputar-se-á e não tardará a estancar este canal da graça de Deus.
Dentre as várias competências do coordenador, podemos dizer que a promoção da unidade é a mais imediata. A unidade:
•    É o primeiro atributo da Igreja – Una, Santa, Católica, Apostólica;
•    Dá credibilidade à evangelização (“para que o mundo reconheça” Jo 17, 23);
•    Amplia o potencial evangelizador (Corpo evangelizador);
•    Conquista novos participantes (“Cada vez mais aumentava a multidão dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor” At 5, 14);
•    Permite ter com quem celebrar as conquistas na evangelização;
Por estes motivos, faz-se necessário um discernimento maior na escolha de um coordenador:
•    O núcleo de serviço que elege legitimamente uma liderança deverá observar também o critério de empenho pela comunhão, na pessoa indicada;
•    Os participantes do Grupo podem e devem “cobrar” esta fidelidade diocesana ao seu coordenador, colaborando no que for preciso para que o Grupo não fique à margem do crescimento diocesano. “Prefiro ir mancando pelo caminho a correr fora dele” (Santa Teresa).
2. UNIDADE QUE GERA FRUTOS
“O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira” (Jo 15, 4b).
Santo Agostinho diz que “é uma injustiça exigir obediência aos súditos quando não se obedece aos superiores”. Em todas as instâncias de coordenação na RCC, deveríamos trazer isto sempre no coração.
A obediência é uma graça geradora de frutos. É a forma de “ligação” dos ramos à videira. Falamos desta obediência geradora de unidade. Não se trata de subserviência, que escraviza e sufoca, mas de uma atitude de obediência às formas e estruturas inspiradas pelo Espírito e reconhecidas pela Igreja.
O desejo e empenho por uma Unidade perfeita através deste relacionamento fraterno têm produzido abundantes frutos em muitas dioceses. Rezemos para que nossos corações sejam renovados pelo Espírito Santo e que, através de um testemunho de comunhão eclesial, possamos cumprir com nosso chamado ao ministério de coordenação.
CONCLUSÃO
“Bem sabemos: a unidade que buscamos é antes de tudo dom de Deus. Somos conscientes, contudo, de que a urgência da hora de sua plena realização depende também de nós, de nossa oração, de nossa conversão a Cristo.” (Homilia de João Paulo II na solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo 30 de junho de 2004).
O coordenador revestido com o dom da unidade torna-se canal da graça de Deus para manter ou semear a:
1.    Unidade na estrutura funcional de seu grupo (planejamento);
2.    Unidade na missão (direcionamentos, visão profética, moções);
3.    Unidade no pastoreio;
4.    Unidade nas celebrações (quem celebra sozinho é porque não possui comunidade);
5.    Unidade nas dificuldades (“nem havia entre eles nenhum necessitado” At 4, 34 a).
O carisma de coordenação será sempre necessário para “dar frutos que permaneçam” (Cf. Jo 15, 16). Sem ele, estaríamos fadados ao cansaço e ao desânimo, caindo em ativismo, tentando responder aos anseios e necessidades da comunidade, mas sem sucesso.
Além de ser base do ministério de coordenação, o carisma de coordenar vem revestido do dom da unidade, que posto em prática, abre caminho para uma evangelização segundo o coração de Jesus, ampliando o potencial do corpo evangelizador, a Igreja.

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