terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Álcool na juventude


Ele está presente no Carnaval, nas festas de fim de ano, nas confraternizações, na balada, na família... Seu melhor amigo? Não, talvez o seu pior inimigo. Estamos falando do álcool, uma droga lícita que enquadra os jovens no rol das suas principais vítimas. Segundo a OMS, 320 mil jovens morrem todos os anos por causa do álcool. O que nós devemos fazer?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool mata 320 mil jovens todos os anos e está entre as principais causa de adoecimento e morte no Brasil, segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mais de 60 tipos de doenças estão ligadas ao consumo do álcool; além disso, a maioria dos jovens que inciam sua vida nas drogas mais pesadas testemunham que o álcool foi a porta de entrada para elas.

destrave-alcoolismo“O camarada diz: ‘Ah, eu só bebo no final de semana’”. No entanto, se ele ultrapassa os limites do seu organismo, também vai enfrentar sérios problemas de saúde, diz o psiquiatra Nilson Lyrio.

Muitos jovens não sabem, mas o simples fato de ultrapassarem os 30 gramas de álcool no sangue (o equivalente a três copos de chope), já causam danos a vários órgãos como fígado, pâncreas, estômago, coração e cérebro. “O álcool gera o aldeído acético que é um veneno. Ele mata as células do fígado e mata neurônios”, alerta doutor Nilton.

Além das doenças, o álcool também faz vítimas na combinação “bebida x direção”. Estima-se que 75% das causas de mortes no trânsito estejam – de forma direta ou indireta – ligadas ao consumo da droga. “As pessoas que bebem perdem, em grande parte, a sua capacidade reflexiva, alterando o equilíbrio e seu senso espacial”, explica a psicóloga Elaine Ribeiro.

Por que eu bebo?

A pergunta é: por que os jovens estão bebendo cada vez mais cedo e em maior quantidade? O que está por trás doconsumo abusivo entre este grupo?

“Muitas vezes, o jovem busca a solução para seus problemas no álcool, numa tentativa de fugir do meio em que se encontra”, conta o psicólogo Marcos Ariel. De acordo com o profissional, é normal a transgressão de algumas regras e limites nesta etapa, mas o consumo abusivo pode estar escondendo a fuga de alguma situação problemática ou conflito interior. É nesta hora que o álcool surge como um “anestésico”.

“O uso abusivo do álcool pode estar escondendo alguma situação problemática ou conflito interior”

Para a psicóloga Elaine, o adolescente também tem a necessidade de fazer parte de um grupo e de ser aceito socialmente por ele, porque busca uma identidade; assim o álcool surge como uma forma de socialização. Mas a especialista alerta: “muitos jovens pensam que a bebida vai deixá-los mais livres, mais alegres, no entanto o álcool é um inibidor do sistema nervoso central. Então, depois daquele momento de euforia vem a depressão”.

No ano de 2011, a mundo assistiu ao fim trágico de uma das mais talentosas cantoras da atualidade, a britânica Amy Winehouse. Segundo o laudo a jovem morreu por causa do abuso do álcool. “por mais talentosa que esta cantora tenha sido, o que fica é o ‘como’ ela terminou. querendo ou não estes artistas também são referência para os jovens, e neste caso uma referência negativa” disse a psicóloga Elaine

Quando o vício bate à porta

A cantora Amy Winehouse foi vítima do álcool aos seus 27 anos

Segundo a Unifesp, 78% dos jovens brasileiros bebem regularmente e, deste número, 19% são considerados dependentes do álcool. “A pessoa que bebe deve procurar saber se, na sua família, há histórico de alcoolismo, porque ela pode trazer o gen da dependência que vai predispor esta pessoa a ser um adicto em potencial”, orienta o psiquiatra, doutor Nilton Lyrio.

Segundo Nilton, além da questão genética que pode causar dependência, o consumo exagerado e frequente pode viciar a pessoa no álcool. “No fim de semana, o cara diz que ‘bebe todas’. Ele começa assim, bebendo ‘todas’ no fim de semana, mas, depois, passa a beber muito também durante a semana. Quando vê, já está buscando a bebida de forma compulsiva. Podemos dizer que este cidadão já está dependente”.

A religião como fator preventivo

A religiosidade vem ganhando destaque quando se trata da prevenção e da recuperação de jovens adictos de drogas lícitas e ilícitas. Dados publicados pelas PubMed e Scielo (Revistas de Medicina da Saúde dos EUA), mostram que pessoas que participam de uma religião ou dão importância à espiritualidade apresentam baixos índices de consumo de drogas como o álcool. Outro dado é que adictos que se tratam em comunidades terapêuticas de cunho religioso apresentam melhor recuperação do que aqueles tratados em clínicas médicas convencionais.

“Às vezes, pensamos que o recuperando não tem jeito, mas é neste momento que Deus age e muda a vida dessa pessoa”, diz Márcia Hoenhe da Pastoral da Sobriedade da diocese de Lorena (SP). Para Márcia, que trabalha na Casa Ágape (uma comunidade terapêutica) ,é notável a recuperação da pessoa que crê e participa das atividades de espiritualidade da casa de recuperação, daquelas que não acreditam e não participam.

“Eu tenho 32 anos de idade e metade da minha vida eu passei nas drogas. Ela só me deu euforia e eu não sabia o que era felicidade verdadeira, mas coloquei Deus na minha vida e Ele está me abençoando”, testemunha Douglas que se recupera do vício na casa Ágape.

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