sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ninguém passa em vão perto de Jesus Cristo

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O Senhor nunca nos abandonará
A Igreja celebra anualmente o “Dia Mundial do Enfermo”, comemorado da Festa de Nossa Senhora de Lourdes, onze de fevereiro. A escolha da data indica a importância do Santuário de Lourdes, para onde acorrem multidões de doentes de todo o mundo. Na grande praça do Santuário, perguntei a uma pessoa ali chegada numa cadeira de rodas sobre sua condição e sobre a cura da enfermidade. A resposta foi surpreendente e edificante, quando me declarou ser peregrina fiel, visitando anualmente o Santuário, lavando-se na fonte mostrada pela Imaculada Conceição a Santa Bernadete. Disse-me não ter alcançado a cura física, mas a cura interior era assegurada e sempre mais intensa, a cada vez que ali chegava. Sua resposta transbordava alegria!


Naamã, o Sírio, chegado à porta da casa do profeta Eliseu (2 Rs 5, 9-14), depois de muita renitência, foi lavar-se sete vezes no Rio Jordão. Sua pele tornou-se como a de uma criança. O gesto que lhe foi pedido era tão simples que lhe parecia quase ridículo. Acolheu a palavra de seus empregados, demoliu primeiro o orgulho que lhe ocupava o coração e experimentou a graça da cura. Jesus, por sua vez, encontrando-se várias vezes com leprosos, cheio de compaixão, transforma-lhes radicalmente a vida (cf. Mc 1, 40-45; Lc 17, 1-19). “Se queres, tens o poder de curar-me”, num misto de desespero e confiança, diz um homem marcado pela doença e pela marginalização. Tocar no leproso, gesto inusitado não só naquele tempo, quebra todas as barreiras. O hanseniano das estradas da Galileia certamente se tornou profeta do tempo da Igreja, o nosso tempo! Neste tempo que é nosso, todos encontrem seu lugar, a acolhida e a cura!


“No acolhimento generoso e amoroso de cada vida humana, sobretudo da frágil e doente, o cristão expressa um aspecto importante do seu testemunho evangélico, segundo o exemplo de Cristo, que se debruçou sobre os sofrimentos materiais e espirituais do homem para curá-los. O encontro de Jesus com os dez leprosos, narrado no Evangelho de são Lucas (cf. Lc 17, 11-19), de maneira particular as palavras que o Senhor dirige a um deles: «Levanta-te e vai, a tua fé te salvou!» (v. 19), ajudam a tomar consciência acerca da importância da fé para aqueles que, angustiados pelo sofrimento e pela enfermidade, se aproximam do Senhor. No encontro com ele, podem experimentar realmente que quantos acreditam nunca estão sozinhos! Com efeito, no seu Filho, Deus não nos abandona às nossas angústias e sofrimentos (cf. Mc 2, 1-12), mas está próximo de nós, ajuda-nos a suportá-los e deseja curar profundamente o nosso coração” (Bento XVI, Mensagem para a Jornada Mundial do Enfermo de 2012).


É ainda o Papa Bento XVI que assevera: “Quem, no seu próprio sofrimento e enfermidade, invoca o Senhor, está convicto de que o seu amor nunca o abandona, e que também o amor da Igreja, prolongamento no tempo da sua obra salvífica, jamais desfalece. A cura física, expressão da salvação mais profunda, revela deste modo a importância que o homem, na sua integridade de alma e corpo, reveste para o Senhor. De resto, cada sacramento expressa e põe em prática a proximidade do próprio Deus que, de modo absolutamente gratuito, «nos toca por meio de realidades materiais que ele assume ao seu serviço, fazendo deles instrumentos do encontro entre nós e ele mesmo» (Homilia, Santa Missa Crismal, 1 de Abril de 2010). «Aqui, torna-se visível a unidade entre criação e redenção. Os sacramentos são expressão da corporeidade da nossa fé, que abraça corpo e alma, isto é, o homem inteiro» (Homilia, Santa Missa Crismal, 21 de Abril de 2011).


Ninguém passa em vão perto de Jesus Cristo. Ele cura através de vários “instrumentos”. Sejam hoje valorizados todos os que trabalham pela cura das enfermidades, dos grandes pesquisadores que surpreendem o mundo com suas descobertas, passando pela dignidade de tantos profissionais da medicina, cujo serviço é indispensável à sociedade. Ao seu lado, pessoal de enfermagem, cuidadores de doentes e idosos e tantas outras pessoas que podem fazer de sua profissão verdadeira obra de misericórdia. Jesus cura através do dom da Cura concedido a quem ele quer. Trata-se de um ministério presente em toda a história da Igreja e também em nosso tempo, exercido com o acompanhamento e discernimento dos pastores da Igreja. E o Senhor vai à raiz de todos os males, curando do pecado e proclamando “tua fé te salvou”.


Não se dispense o cuidado preventivo e curativo da saúde, reconheça-se o dom da cura, dêem-se ações de graças pela presença salvadora do Senhor em sua Igreja. Multipliquem-se as orações pela cura das enfermidades e cresça a pastoral da saúde. Dentro de alguns dias começará no Brasil mais uma Campanha da Fraternidade, oferecendo neste ano a contribuição da Igreja para o tema tão importante quanto desafiador, a Saúde pública. A!

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