Quando Adão e Eva pecaram, tiveram
vergonha e medo do Senhor, por isso se esconderam. “O homem e a mulher
se esconderam do Senhor Deus no meio das árvores do jardim” (Gn 3,8). É o
que, muitas vezes, fazemos quando pecamos; nós nos escondemos de Deus
por vergonha e medo, por não nos considerarmos dignos de Sua presença em
nós. É fácil nos considerarmos indignos do Senhor quando temos os olhos
fixos somente em nossos erros, naquilo que não deu certo.
Deus,
porém, se mostra o contrário: “Quando ouviram o ruído do Senhor Deus,
que passeava pelo jardim à brisa da tarde, o homem e a mulher
esconderam-se do Senhor Deus no meio das árvores do jardim. Mas o
Senhor Deus chamou o homem e perguntou: ‘Onde estás?’” (Gn 3, 8-9). Ele
vai à procura do homem. Esse passeio de Deus, no jardim, já prefigura
Sua busca por nós pecadores. O Senhor não olha para o que ficou de
errado em nós, mas para o que pode dar certo.
Uma das mais belas e conhecidas
passagens da Sagrada Escritura, que relata o amor de Deus por nós pobres
e pecadores, é a do filho pródigo. O pai vai ao encontro do filho que
se perdeu em seus prazeres egoístas.
“Vou voltar para meu pai e
dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser
chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.Levantou-se,
pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e,
movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e
o beijou. O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e
contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai falou
aos servos: ‘Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe
um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e
matai-o; comamos e façamos uma festa. Este meu filho estava morto, e
reviveu; tinha se perdido, e foi achado’. E começaram a festa” (Lucas 15,18-24).
O que fez o filho se arrepender foi
lembrar-se de tudo o que o pai já lhe havia feito. Deus não se cansa de
manifestar o Seu amor por cada um de nós. O pai, ao ver o filho voltando
para a casa, “correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos”. O
pai foi ao encontro do filho; Deus vai ao nosso encontro.
Jesus faz, dessa passagem, uma
referência de como é o amor misericordioso do Pai para seus filhos, ou
seja, para conosco. Mas onde entra a busca de Deus por nós? “Estava
perdido e foi encontrado”. Só encontra quem procura, logo, o Pai vai à
nossa procura, mesmo que, em nossa história, muitas coisas não tenham
dado certo. Ele vai ao nosso encontro nos vendo como gente e não como
pecado. Mas como o Pai procura o filho se este é quem volta para Aquele
que o amou primeiro? Por meio da Sua manifestação de amor.
“O Senhor não olha para o que ficou de errado em nós, mas para o que pode dar certo”
Deus vai ao nosso encontro com uma
Palavra viva, mexe com as estruturas do nosso coração e nos faz sentir
arrependimento. Esse arrepender-se é a consciência de que magoamos o
amor do Pai, mas também é a saudade desse amor. Na luz dessa Palavra,
que vem ao nosso encontro, nós enxergamos o Amor do Pai em nós e
sentimos saudade d’Ele [Deus]. A partir desse encontro pessoal com o
Pai, acontece, em nosso coração, a ressurreição, a reinauguração da
nossa vida. A partir dessa experiência, percebemos que ela tem jeito
sim, pois nascemos para dar certo.
O Pai tem saudade de nós! A
música “Abraço de Pai” fala dessa saudade: “Nas tardes encontrou saudade
em meu lugar”. Ele nos espera. Voltar para os braços paternos não é
questão de dignidade, mas é reconhecer o Seu amor por nós. É questão de
decisão.
Todas as manifestações de Deus são
formas que Ele usa para nos buscar, pois “essa é a vontade daquele que
me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que
os ressuscite no último dia” (João 6, 39). O Pai nos busca de volta por
meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.
Deus sabe tudo de nós, porque a Sua
ótica de amor é infinitamente superior à nossa. Por isso, somos mais do
que os nossos olhos podem ver.
O Senhor espera por nós! Ele já nos encontrou, só precisamos tomar a coragem de voltar a Ele. Amém.
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