segunda-feira, 2 de abril de 2012

Familia, fonte de santidade




Deus nos criou para vivermos em família, como Ele mesmo é uma Família, Três Pessoas distintas em uma única natureza. Quando o Catecismo fala da família, começa dizendo que: Jesus, ao vir ao mundo, não precisava necessariamente viver em uma família, mas Ele assim o quis, para deixar-nos o seu exemplo e ensinamento sobre a nobreza e santidade da família. Quis ter uma mãe e um pai (adotivo), e foi obediente e submisso a eles (cf Lc 2,51). Jesus não precisava ter um pai terreno, já que o Seu Pai é o próprio Deus. Mas Ele quis ter um pai adotivo, legal, como chamavam os judeus. Quando José quis abandonar Maria, em silêncio, para não difamá-la, Deus mandou o Anjo dizer-lhe: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois, o que nela foi concebido veio do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho a quem tu porás o nome de Jesus”  (Mt 1,20-21). É como se Deus dissesse a José: eu preciso de você, eu quero você para ser o pai diligente da sagrada Família. Os pais geram os filhos, mais aqui é o Filho quem escolhe o seu pai.
A Família de Nazaré nos dá uma lição de vida familiar. Como disse Paulo VI: “Que Nazaré nos ensine o que é família, sua comunhão de amor, sua beleza austera e simples, seu cárater sagrado e inviolável…  Uma lição de trabalho…” (05/01/64). A família é uma escola de virtude e de santidade para todos. Vivendo na família de Nazaré, Jesus nos ensinou a importância da submissão e obediência dos filhos aos pais. Ele, mesmo sendo Deus, se fez obediente àqueles que Ele mesmo criou e escolheu para seus pais. Cumpriu em tudo o quarto mandamento que manda “honrar” os pais. Mais do que ninguém obedeceu à Palavra de Deus que diz:
“Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro”. “Quem teme o Senhor honra pai e mãe” (Eclo 3).
É porque a família é hoje tão ofendida pelas pragas da imoralidade, que a sociedade paga um alto preço social: jovens deliquentes, crianças abandonadas, pais separados, homens e mulheres frustrados, tanta violência, tanto crime, tanta morte…
Essas pobres crianças e jovens desorientados, que vivem pelas ruas, perdendo-se nas drogas, no crime, na violência, na homossexualidade e nas bebidas, etc., apenas estão buscando com isso um pouco de calor humano, afeto, que deveriam ter recebido em suas famílias, e não receberam.
O Catecismo diz que a família “é a sociedade natural onde o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade”  (nº 2207).
“É no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo… os primeiros mestres da fé”, ensina a Igreja (LG, 11). “É na família que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros da família, na recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa. O lar é assim a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano. É ai que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado, e sobretudo o culto divino pela oração e oferenda de sua vida” (Cat. § 1657).
Essas palavras do Catecismo mostram que o lar é a escola das virtudes humanas; logo, lugar de santificação. Para os pais, a vida conjugal é uma oportunidade riquíssima de santificação, na medida em que, a todo instante, precisam lutar contra o próprio egoísmo, soberba, orgulho, desejo de dominação, etc., para se tornar, com o outro, aquilo que é o sentido do matrimônio: “uma só carne”, uma só vida, sem divisões, mentiras, fingimentos, tapeações, birras, azedumes, mau-humor, reclamações, lamúrias, etc.
A luta diária e constante para ser “exemplo para os filhos”, para manter a fidelidade ao outro, para “vencer-se a si mesmo”, a fim de se construir um lar maduro e santo, faz com que caminhemos para a na nossa santificação. O amor do casal é o sinal e o símbolo do amor de Deus à humanidade, e amor de Cristo à Igreja (cf. Ef 5,21s). Ao se por a caminho para conquistar “esse amor”, o casal se santifica.
A busca da unidade profunda como a do “café com o leite”, o desafio de “construir o outro”, alguém querido, a solução conjunta de todos os problemas, o diálogo frequente e amoroso, o respeito mútuo, enfim, a busca da maturidade essencial para a vida a dois, tudo isso santifica o casal. Além do mais, o conhecimento profundo do “mistério do outro”, a luta para aceitá-lo e entendê-lo, para ajudá-lo a crescer, a paciência, o perdão dado, as renúncias de cada dia, a atenção com  o outro para vencer a frieza e a monotonia, o cuidado do lar, da roupa, da comida, do estudo dos filhos, etc., tudo isso concorre para que os pais se santifiquem mutuamente. Deus quis assim, e fez do casamento uma grande escola de santidade. O casal que quiser atingir a perfeição matrimonial, como é o desígnio de Deus, naturalmente chegará à santidade. A casa é para o casal e os filhos, o que o mosteiro é para o monge.
A luta que travamos conosco mesmo para aceitar e suportar os defeitos do outro, a cada dia, com paciência e compreensão, faz-nos santos. As cruzes do lar, o desemprego, as doenças, as dúvidas, os vícios do cônjuge, a dificuldade com os parentes, a preocupação com os problemas dos filhos, etc., tudo isso, torna-se no casamento como que o “fogo” que queima as ervas daninhas de nossa alma e nos encaminha para a perfeição cristã.
É preciso saber aproveitar toda e qualquer dificuldade do lar para fazer dela um degrau de crescimento na fé e no amor a Deus, pois “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rom 8,28).
Por outro lado, a enorme tarefa que Deus confia aos pais, na geração e na educação dos filhos, o exercício dessa missão sagrada coopera para a santificação deles. O Catecismo diz que:
“O papel dos pais na educação dos filhos é tão importante que é quase impossível substituí-los”. E que:“O direito e o dever de educação são primordiais e inalienáveis para os pais” (nº 2221; FC 36). Para cumprir com responsabilidade essa sagrada missão, os pais devem criar um lar tranquilo para os filhos, onde se cultive a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado. Aí deve ser cultivado a abnegação, o reto juízo, o domínio de si, para que haja verdadeira liberdade.
Diz o livro do Eclesiástico: “Aquele que ama o filho castiga-o com frequência; aquele que educa o seu fiho terá motivo de satisfação” (Eclo 30, 1-2). Esse “castiga-o com frequência” deve ser entendido como “corrige-o com frequência”. Mas São Paulo lembra que os pais não podem humilhar e magoar os filhos ao corrigí-los: “E vós, pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas criai-os na disciplina e na correção do Senhor” (Ef 6,4).
É claro que esse equilíbrio e dedicação que é exigido dos pais para educar bem os filhos, é motivo também de crescimento para os próprios pais. E é bom lembrar aos pais que saber reconhecer diante dos filhos, os próprios defeitos, não é humilhação e sim coerência, e isto facilita guiá-los e corrigi-los, como ensina o próprio Catecismo (nº 2223).
“Os filhos, diz o Catecismo, por sua vez, contribuem para o crescimento de seus pais em santidade. Todos e cada um se darão generosamente e sem se cansarem o perdão mútuo exigido pelas ofensas, as rixas, as injustiças e os abandonos. Sugere-o a mútua afeição. Exige-o a caridade de Cristo” (§ 2227; Mt 18,21-22).
Para os filhos, o dever de honrar os pais, estabelece um verdadeiro programa de santificação. Lembra a Palavra de Deus aos filhos: “Honra teu pai de todo o coração e não esqueças as dores de tua mãe. Lembra-te que fostes gerado por eles. O que lhes darás pelo que te deram?  (Eclo 7,27-28).
Um filho sábio escuta a disciplina do pai e o zombador não escuta a reprimenda” (Pr 13,1). “Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, pois isso é agradável ao Senhor” (Cl 3,20; Ef 6,1).
“Aquele que respeita o pai obtém o perdão dos pecados, o que honra a sua mãe é como quem ajunta um tesouro. Aquele que respeita o pai encontrará alegria nos filhos e no dia de sua oração será atendido” (Eclo 3,2-6).  “Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê a sua benção, e que esta permaneça em ti até o último dia da tua vida.”
A benção paterna fortalece a casa de seus filhos; a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (9-11). Um filho abençoado pelos pais é um filho abençoado pelo próprio Deus, porque “a paternidade humana tem a sua fonte na paternidade divina” (CIC nº 2214).  Vemos assim que Deus estabeleceu a família como o meio privilegiado para a nossa salvação e santificação, tanto dos pais quanto dos filhos.

Prof.: Felipe Aquino

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