quarta-feira, 27 de junho de 2012

As bases cristãs das tradições juninas





O mês de junho é marcado por fogueiras, danças, comidas típicas e muitas bandeirinhas em todo o país, embora haja peculiaridades e características próprias em cada região brasileira.
Diácono Nelsinho Corrêa conversa com o cancaonova.com sobre as tradições juninas e nos ensina o que é realmente cristãos nessas festividades.
As comemorações iniciam-se no dia 12/06, véspera do Dia de Santo Antônio e terminam no dia 29, dia de São Pedro. O auge da festa acontece entre os dias 23 e 24, o Dia de São João propriamente dito.
Divirta-se nessa grande festa do nosso folclore com a família e os amigos. Você vai curtir muito!




cancaonova.com: As bases das festas juninas estão fincadas nas práticas das festividades pagãs ou cristãs?


Nelsinho Corrêa: A base é cristã, porque a festa de São João é o ápice dessas festividades, este santo é a motivação para essa época.

No Nordeste, por exemplo, as comemorações desta data são tão importantes quanto o Natal, pois é comemorado de uma forma intensa. Podemos dizer que essa base cristã iniciou-se perto das igrejas, durante o mês de junho, quando o povo festejava o "São João".

cancaonova.com: O que é mito e o que é sagrado nessas festas?

Nelsinho Corrêa: Nas festas nordestinas, por exemplo, há uma fogueira em cada casa, o que é um costume do povo. Há fogueiras enormes, outras pequenas, mas em todos os lugares as encontramos em homenagem ao santo. A família se reúne e faz comidas típicas. Isso é algo que vem passando de pai para filho.

As pessoas vão à Santa Missa com mais freqüência e as igrejas ficam repletas de pessoas fazendo novenas. O povo anda, às vezes, léguas para rezar ao santo de sua devoção e alcançam muitas graças, como testemunham. Mas, nós percebemos que, às vezes, estas festas se tornam um mito quando as pessoas fazem simpatias junto com a devoção aos santos, que é algo puro.


cancaonova.com: Durante as comemorações juninas, as pessoas invocam a proteção dos santos através de missas e fazem promessas e pedidos confiando em sua intercessão. Os santos realmente podem interceder por nós?

cancaonova.com: Os santos rogam por nós, se pedirmos a graça a Deus, por intercessão deles. Pois, se nós podemos rezar pelos irmãos, quanto mais um santo! Uma maneira de exercermos a santidade é nos inspirarmos nos santos, porque eles nos ajudam a viver a fé cristã.

Nós não adoramos os santos. Eles são, para nós, modelos de vida e santidade a ser seguidos, pois alguns deles já nasceram santos; mas, muitos tiveram uma longa trajetória percorrida para chegarem à santidade. Por isso, é muito bonito estudar e ver as suas histórias, porque eles enfrentaram diversas situações, sofreram muito e passaram grandes dificuldades e martírios. Eu creio na comunhão dos santos e acredito que intercessão nunca é demais.





cancaonova.com: Outras pessoas preferem as simpatias para terem seus desejos realizados. O que a Igreja pensa a esse respeito?

Nelsinho Corrêa: A Igreja vê com reprovação quando se mistura oração e simpatia, porque isso não tem nada a ver com a fé católica. A novena é um momento importante de oração. Mas, infelizmente existe muita simpatia em torno de vários santos, como Santo Antônio, por exemplo. Muitas pessoas, que estão na "forca" ou "encalhadas" como se diz, afogam a imagem do santo num copo d’água, dão treze voltas em torno de igrejas, etc... Elas fazem de tudo para tentar "resolver" o seu problema, ou seja, para se casarem. Mas a simpatia não condiz com a fé cristã. As pessoas tentam arrumar "muletas" para conseguir uma graça, ao invés de rezarem e buscarem Deus.

Uma coisa são as novenas e as orações a Deus; outra, são as simpatias criadas pelo povo, originárias dos costumes profanos, das miscigenações e do sincretismo em torno da fé.


cancaonova.com: As tradições juninas mudaram muito nos últimos anos. O senhor acredita que esse fato tem colaborado para a perda do verdadeiro referencial religioso dessas festas?

Nelsinho Corrêa: Com certeza. Nas comemorações juninas, as pessoas costumam celebrar um "casamento" antes da quadrilha, no qual as pessoas falam muitas besteiras, simulam uma situação em que os noivos se casam sob a mira da espingarda do pai da noiva. É engraçado, as pessoas dão risadas, mas o casamento é um sacramento, e com isso não se brinca.

Na Canção Nova, por exemplo, o padre Jonas Abib nunca nos deixou fazer esse tipo de "casamento" em nossas festas. O matrimônio, que já está tão ridicularizado pela sociedade, acaba ficando mais ridicularizado ainda. Mas, para nós que o entendemos como um sacramento, é bom saber bem o limite, para não brincar com o que é sagrado.


cancaonova.com: Como fazer com que as pessoas se divirtam com um propósito verdadeiramente católico e cristão?

Nelsinho Corrêa: Observando os limites. A Palavra diz: "Não vos embriagueis" (Ef 5,18). As pessoas não são proibidas de tomar uma bebida, mas é preciso saber qual é o limite e qual é a hora de parar. Então, o referencial tem de ser a festa, porque para que esta seja um motivo de comemoração precisa ser celebrada com fé. O cristão é alegre por si, ele não depende de bebida, de pouca roupa e de sensualidade para festejar. É uma alegria diferente, mas que é possível de ser vivida. As festas juninas costumam ser uma festa da família, por isso não podemos esquecer os valores cristãos.

cancaonova.com: Como dar aos filhos um ensino autêntico da fé católica nestas datas?

Nelsinho Corrêa: É preciso pesquisar e ensinar-lhes a pesquisar também. Há muitos livros que falam sobre a vida dos santos e contam suas histórias.

É importante explicar a eles o significado de cada feriado santo, porque, na maioria das vezes, nós vivemos essas festividades e nem sabemos o motivo daquela data.

As crianças gostam muito de ouvir histórias. Por isso, podemos aproveitar essas oportunidades para lhes contar histórias santas, que é algo bonito, e elas guardarão na memória que determinada festa acontece por causa "daquele santo", que elas já conhecem.

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